Bauru: elite troca de candidato para seguir no poder

Nessas eleições de 2020, o atual prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB) busca a reeleição, tendo como vice Toninho Gimenez (PTB). Após quatro anos de um governo fraco e sendo criticado por todos os lados, tenta se associar à máquina de João Doria para se manter no cargo e tem como aliado o deputado federal Capitão Augusto (PL), político de extrema-direita, que o acompanhou em um processo de militarização municipal, no qual encontraram espaço dois coronéis: Elizeu Éclair, ex Comandante Geral da Polícia Militar em 2006 (ano dos Crimes de Maio), e Messias Mello, responsável pela repressão em Pinheirinho. Importante destacar que o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) manteve cargos nesse governo e novamente segue apoiando Gazzetta nessas eleições. Porém, o atual prefeito não consegue sair do segundo lugar, estando com apenas 8% na pesquisa eleitoral divulgada pela Record.

Quem vem com liderança disparada segue sendo Dr. Raul, candidato do DEM e tendo como vice Fábio Manfrinato (PP), com 28% das intenções de voto, e que encabeça uma ampla coalizão de partidos, contando com PP, PRTB, PSL, MDB e Cidadania. É o principal representante da elite bauruense, recebendo apoio da maioria dos vereadores associados abertamente à direita, como Coronel Meira (ex Comandante Geral da Polícia Militar de SP em 2013) e Chiara Ranieri (proprietária de uma faculdade particular). O senador Major Olimpio, que possui uma base forte na cidade, age como cabo eleitoral.

Em terceiro, quarto e quinto seguem mais três candidatos de direita: Edu Avallone (PRB), com 5% de intenções de voto; Luiz Carlos Valle (Podemos/PSC), com outros 5%; e Suellen Rosim (Patriota), com 4%. Os votos somados das candidaturas de esquerda (PT, PSOL e PCO) não chegam a 5%. Precisamos recordar que o mais bem pontuado partido progressista (o PT, com 2%), passou os últimos anos com a vice-prefeitura no governo de Rodrigo Agostinho (à época MDB, hoje PSB), de 2008 à 2016, se aliando a boa parte da elite municipal.

As eleições bauruenses sinalizam para um segundo turno dividido entre dois candidatos da direita, que prometem seguir com o projeto já iniciado de seguir militarizando a vida social, além de manter e até intensificar os ataques à classe trabalhadora.

Chama a atenção o alto número de intenção de votos nulos e brancos (26%), e que deve ser ainda maior com as abstenções, sinalizando o descrédito na política representativa liberal do Estado. Enquanto alguns partidários da esquerda eleitoral buscam culpabilizar o não voto pelo avanço da direita, esses números têm um significado mais profundo: uma grande parcela da população pobre e periférica, da classe trabalhadora, que está cansada de acreditar nessa farsa de governos de turno, onde de tempos em tempos se votam em mudanças que nunca ocorrem. Os altos índices de não voto, que atingem o mundo inteiro, apenas simbolizam a falência e a crise de uma representação fictícia dos ditos políticos profissionais, incapazes de conduzir transformações reais na vida das e dos de baixo.

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