Início de Nossa História (2008-2011)

O processo da OASL começou no início de 2008, após o contato com militantes da Federação Anarquista do Rio de Janeiro. A partir de então, reuniram-se alguns companheiros e, inspirados na atuação dos cariocas e em algumas experiências do anarquismo organizado em São Paulo, que vinha se dando desde os anos 1990, começaram um processo de discussão e de articulação para a conformação de uma organização específica anarquista em São Paulo. A ideia era constituir uma federação e, por isso, a esse processo chamou-se “Pró-Federação Anarquista de São Paulo (Pró-FASP)”.

[Primeiro Pró-FASP, 2008]

Processo que se tornou público com o Primeiro Encontro Pró-FASP, realizado em julho de 2008, no Clube Jardim São Paulo, região norte da cidade. O encontro, chamado por meio de um “Manifesto Pró-FASP”, teve ampla participação, com quase 100 pessoas presentes, que, após a leitura de uma “Saudação inicial”, viram a apresentação dos companheiros da FARJ sobre suas concepções e trabalhos, discutiram inserção social e organicidade – com partes da discussão sendo formalizadas nas “Resoluções do Primeiro Pró-FASP”.

A partir deste encontro, que colocou algumas “Questões de saída” para o debate (ideias mínimas para que a discussão começasse a ser feita), reuniu-se um grupo para a discussão da proposta. Os militantes que trabalharam no processo inicial constituíram um núcleo e todos os interessados agruparam-se em um grupo de apoio, que buscava promover as discussões, iniciar os trabalhos teóricos e práticos e ir integrando os militantes que tivessem compreendido a proposta no núcleo – processo que podia se dar por iniciativa dos próprios militantes ou do núcleo.

Neste momento, articulam-se trabalhos em torno do Centro de Cultura Social Antônio Martinez (CCS-AM), em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo; com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pela regional da Grande São Paulo; com o movimento indígena. Realiza-se trabalho interno de formação, discussão de alguma documentação, discute-se teoria e prática. Ingressam aos poucos novos militantes no núcleo.

[Primeiro CONFARJ, 2008]

Ainda em 2008, nossa militância esteve presente no I Congresso da FARJ e na fundação da Organização Resistência Libertária, em Fortaleza-CE, realizando uma das falas na mesa de abertura.

No período de 2009, além dos trabalho citados, incorporam-se atividades de gênero, constituindo um grupo de trabalho em torno do tema e há uma tentativa de criar um agrupamento mais amplo, chamado “Ela Luta”. No MST, tenta-se organizar o trabalho por meio de uma tendência, chamada “Filhos de Toda Terra”.

Um ex-militante, que deixou o processo organizativo por problemas éticos, registra o o nome da Federação Anarquista de São Paulo em cartório, e inicia um processo paralelo, utilizando o mesmo nome da organização.

[Segundo Pró-FASP, 2009]

Decide-se pela realização de um Segundo Encontro Pró-FASP, a ser realizado antes da fundação. No encontro, realizado em 18 e 19 de julho de 2009, houve distribuição de dois materiais, resumindo os trabalhos práticos realizados no último período e também uma pequena produção teórica, que resumia a fala inicial dos militantes. Com uma “Saudação inicial” iniciou-se o encontro que teve participação, nos dois dias, de aproximadamente 150 pessoas, escutando um relato sobre teoria e prática desenvolvida no processo Pró-FASP, discutindo conjuntura e recebendo convidados da FARJ e da Federação Anarquista Gaúcha (FAG), que contribuíram com falas no encontro.

Continuam os trabalhos; há uma tentativa de aproximação com o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável (MNCR) e prepara-se a fundação da FASP. A data escolhida é 18 de novembro de 2009, em homenagem a alguns acontecimentos: classicamente, é a data da Insurreição Anarquista do Rio de Janeiro, levada a cabo em 1918, depois, a data da fundação da FAG em 1995 e da Biblioteca Social Fábio Luz em 2001. No final de semana posterior à data, reúnem-se os militantes da organização com convidados (que incluem militantes da FARJ) e é feita uma apresentação em vídeo do histórico do processo e realiza-se a leitura do “Manifesto de fundação”. Diversas organizações mandam declarações de solidariedade.

[Fundação, 2009]

Ainda em 2009, buscávamos fortalecer os trabalhos a nível de tendência e, juntamente com outros companheiros, começamos um processo de discussão de um agrupamento não anarquista que reunisse pessoas com afinidades de luta práticas e metodológicas. Forma-se, neste contexto, a Organização Popular Aymebrê (OPA), que existe até hoje e é impulsionado por diversos militantes, de outras ideologias ou de nenhuma especificamente, dentro dos quais encontram-se os de nossa organização.

Define-se a estratégia para o próximo ano e aprofundam-se trabalhos, tanto internamente, ativando todas as secretarias, quanto externos (trabalhos sociais). Durante o ano de 2010, houve participação em diversas ações diretas, realizadas por diversos movimentos (MST, Movimento Passe Livre, atingidos pelas enchentes no Jardim Pantanal, Tribunal Popular, etc.). Os principais eixos de trabalho social são: MST, indígenas, comunitário no centro e Zona Leste e sindical, na categoria dos bancários. Internamente, entram e saem militantes, aprofunda-se a organicidade, investe-se em formação. Investe-se nas relações com outras organizações do Brasil. Aprofunda-se a organicidade e os trabalhos pelo nível de tendência.

A organização se aproxima do Fórum do Anarquismo Organizado (FAO), participando como ouvinte de seu encontro de 2010. Durante o ano, articula-se com contribuições para o periódico Socialismo Libertário, faz discussões de formação com outras organizações e começa a aproximar-se praticamente das atividades realizadas – como nos trabalhos sindicais, participando do encontro da Intersindical, entre outros. Realiza-se palestra com os companheiros africanos Johnathan Bane e Lucien van de Walt. Ao final do ano, realiza-se a reunião de Planejamento para 2011, com discussões sobre teoria e ideologia, conjuntura, questões internas e externas e abre-se uma frente sindical.

Pelo nível de tendência (OPA), houve participação na Outra Campanha e no IX Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas (ELAOPA). Já em 2011, a FASP sedia as Jornadas Anarquistas, proposta pela FAU, e participa das discussões e da redação da Declaração. No encontro do FAO, que acontece em seguida, formaliza-se a entrada da organização no FAO.

[Jornadas anarquistas, 2011]

O processo do ELAOPA e o próprio encontro fortalecem a OPA que, se num período anterior teve saídas de militantes e um certo enfraquecimento, depois disso voltou com força, ganhando em quantidade e qualidade de militância e rearticulando-se, o que permitiu que se investisse com força nas mobilizações de juventude. Esse processo, muito relevante, fortaleceu a organização na jornada de luta contra o aumento de passagem, levada a cabo pelo MPL e outras organizações que compunham a Comitê Contra o Aumento.

Por acreditar que o processo de construção que vinha sendo levado a cabo com tanta seriedade estava sendo confundido, com a tal “FASP” promovida pelo ex-companheiro, delibera-se pela mudança do nome. O anúncio da entrada no FAO já é feito com esta mudança e, a partir do mês de março, formalmente, a antiga Federação Anarquista de São Paulo, que é herdeira da história acima descrita, decide mudar de nome para Organização Anarquista Socialismo Libertário (OASL), fundamentalmente por querer manter a seriedade e a honestidade, que caracterizaram seus princípios éticos desde o início do processo.

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[Mudança de nome, OASL; logotipo antigo]

Também no mês de março foi uma delegação da organização para visitar outras organizações na Argentina, Uruguai e no Rio Grande do Sul, com as relações tendo sido fortalecidas e tendo um grande aprendizado com as organizações dessas regiões.

Atualmente, a organização discute, com a devida profundidade, sua Declaração de Princípios, encaminha questões com as secretarias (formação, relações, organização, finanças, propaganda) e no trabalho social nas frentes: MST, sindical e juventude. Seguimos o processo de fortalecer o anarquismo especifista em São Paulo e no Brasil.

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[Logotipo novo da OASL]

OASL, abril de 2011
LUTAR, CRIAR, PODER POPULAR!